Desde que o Ministério da Saúde, em parceria com cinco Hospitais de Excelência no Brasil implantaram o projeto “Melhorando a Segurança do Paciente em Larga Escala no Brasil” em hospitais do Sistema Único de Saúde (SUS), em junho de 2018, os profissionais envolvidos no programa têm comemorado os resultados positivos do trabalho em conjunto.
O projeto colaborativo faz parte do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do SUS (PROADI-SUS) e tem como parceiros o Hospital Alemão Oswaldo Cruz; Hospital do Coração; Hospital Israelita Albert Einstein; e Hospital Sírio Libanês, todos localizados em São Paulo; e ainda o Hospital Moinhos de Vento, do Rio Grande do Sul. O objetivo dessa iniciativa é orientar os profissionais de saúde dos 119 hospitais públicos participantes, que prestam serviço para o SUS, quanto às melhores práticas para o cuidado do paciente. Também visa aumentar a segurança e diminuir as taxas de infecção relacionadas a assistência da saúde nos hospitais do SUS em 50% até 2020. “É um projeto que trabalha não só a questão técnica, metodológica, mas também outros aspectos que ajudam no desenvolvimento da cultura de segurança das instituições,” contou a Dra. Elenara Ribas, Responsável Técnica pelo projeto no Hospital Moinhos de Vento.
Na prática, o “Melhorando a Segurança do Paciente em Larga Escala no Brasil” capta ideias de todas as pessoas que trabalham dentro das unidades de terapias intensivas (UTI’s) para achar uma solução que cumpra as regras de prevenção previstas na metodologia do Institute for Healthcare Improvement. A gerente de qualidade do Hospital Israelita Albert Einstein, Dra. Claudia Garcia, acredita que a iniciativa tem contribuído para o intercâmbio de ideias e conhecimento. “A grande mudança que temos feito com essa parceria é essa questão do aprendizado. Primeiro, definimos já no começo qual é a nossa meta, depois, damos método para isso, pensando em como mobilizar as equipes para elas entenderem qual o conceito de melhoria para aprenderem a fazer este ciclo, trocando ideias e implementado para ver como funciona. E, por fim, ocorre um movimento dessas organizações em prol de achar a melhor forma de conseguir concluir todas as etapas da iniciativa,” disse.
Os resultados já começaram a aparecer. Segundo documento divulgado pela Secretaria de Saúde, a meta era diminuir em 30% os casos de infecção relacionadas à assistência à saúde. Nos primeiros 11 meses foi registrada a diminuição de 32% dos casos. Dra. Elenara afirma que próximo passo será aumentar a equipe para ser multiplicadora dessas práticas e que elas possam ajudar ainda mais o sistema de saúde. “O principal trabalho vai ser para consolidação e sustentabilidade dos resultados alcançados, pois além da implantação das orientações que já são conhecidas, e que já são diretrizes da Anvisa no Brasil para diminuição das infecções, nós também trabalhamos com esses hospitais questões de trabalho em equipe, de envolvimento de paciente e família na prevenção de infecções, além da função da liderança da alta gestão das organizações para prevenção de infecções,” ressaltou.
Antes de atingir o resultado positivo, alguns hospitais da rede pública tiveram que passar por algumas adaptações, mas não foi preciso gastar recursos públicos para se chegar a uma solução, conforme garantiu a superintendente de Qualidade e Responsabilidade Social do HCor, dra. Bernadete Webber. “Às vezes para cumprirmos esses passos, depende de algum tipo de recurso. Por exemplo, quando eu quero evitar uma pneumonia com ventilação mecânica, recomenda-se que a cabeceira da cama do paciente fique deitada em 30º. Muitos hospitais ainda têm camas com manuseio de manivelas e eles não conseguem necessariamente manter o leito em 30º. Então, se a sua cama não tem essa possibilidade de elevar o leito de modo automático, como conseguir alcançar as normas com o recurso que você tem nas mãos? Com essas diretrizes, ele vai achar uma forma de deixar a cama elevada nos 30º”, afirmou.
De acordo com os dados do Ministério de Saúde, com a implantação do projeto espera-se salvar 8.500 vidas nas 120 UTI’s dos hospitais participantes e reduzir em R$ 1,2 bilhão os desperdícios. Com a diminuição do número de infecções consegue-se conter o tempo de permanência do paciente, utilizando menos insumos e gerando menos gastos. Segundo os dados mais recentes divulgados pela Revista do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), a mortalidade associada aos eventos adversos está entre a 1ª à 5ª causas de óbito no Brasil.
“Com o apoio do Institute for Healthcare Improvement (IHI), os cinco hospitais filantrópicos de excelência, por meio do projeto PROADI-SUS, estão demonstrando a potência que existe em um projeto colaborativo de melhoria de qualidade, atuando com método e com engajamento dos participantes, num ambiente de aprendizagem contínua, onde todos ensinam e todos aprendem," finalizou o diretor do Instituto de Qualidade e Segurança do Hospital Sírio-Libanês, Dr. José Mauro Vieira Jr.